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Que tipo de Chief Innovation Officer a sua empresa precisa?

INOVAÇÃO


Atualmente, um dos empregos mais interessantes de C-Level, é o de chief innovation officer ou CINO. Vinte anos atrás, essa posição era praticamente desconhecida, mas em 2017, 29% das empresas da Fortune 500 empregavam um executivo sênior de inovação, de acordo com uma pesquisa feita por Egon Zehnder. Em virtude dessa função ser relativamente nova, sua definição ainda precisa ser cunhada. As responsabilidades variam muito dependendo da empresa, dos desafios de negócios e do histórico das pessoas que ocupam os cargos. Essas pessoas incluem todos – de executivos experientes a acadêmicos de carreira, inventores renomados, ex-banqueiros de investimento, diretores de criação e fundadores de startups.


Como resultado, pode ser bastante desanimador contratar um CINO. Como saber o perfil que você precisa? Como definir quem é qualificado? A resposta começa com o esclarecimento de suas expectativas para essa função na sua empresa. Da mesma forma que “estratégia”, a palavra “inovação’’ tem diferentes significados para diferentes pessoas. Portanto, sua primeira tarefa ao contratar alguém para a posição de CINO é entender muito bem quais os objetivos de inovação da sua organização.


Em nossa função como consultores corporativos e recrutadores de executivos, já ajudamos aproximadamente 80 empresas a contratarem executivos seniores de inovação nos últimos cinco anos, e trabalhamos com inovadores e empreendedores em todos os tipos de indústrias. Durante a trajetória, descobrimos que há seis tipos diferentes de innovation officers. Para ajudar empresas a decidir qual o tipo que melhor se encaixa em suas necessidades, montamos um “guia’’, descrevendo cada um deles. Embora esse guia não ofereça respostas definitivas, já que cada situação é única e nenhum candidato preenche um perfil idealizado, ele irá ajudá-lo a entender que tipo de inovação você busca e que tipo de pessoa pode apresentá-la da melhor forma possível – o que já é um bom começo.


O pesquisador


Os pesquisadores se incomodam porque inovação se tornou a palavra da moda, e porque sentem que é isso que fazem pacientemente há muitos anos – descobrir qual é a próxima grande novidade. Geralmente são pessoas tranquilas e podem ser reconhecidas por seu apreço por jalecos brancos e pelos muitos diplomas que possuem. Definem inovação como “a invenção de coisas completamente novas’’.


Eles utilizam a metodologia científica para domar a abundância de ideias e obter insights de uma profusão de informações. Desenvolvem-se muito bem em ambientes onde a inovação é tanto definir as perguntas certas, como também encontrar suas respostas. São os melhores CINOs para empresas onde a concorrência exige que mudanças significativas aconteçam e para as quais regras de propriedade intelectual são aplicáveis — por exemplo, indústrias farmacêuticas, aeroespaciais e de defesa, e de matérias primas. Nessas indústrias, as inovações geralmente enfrentam baixos índices de sucesso e o escrutínio regulatório.


Para serem bem sucedidos, os pesquisadores precisam de verbas generosas e parceiros de negócios resolutos, que os conduzirão a ideias que não sejam apenas interessantes e sim, lucrativas. Precisam, também, estar em uma empesa disposta a fazer investimentos no curto prazo para obter ganhos de longo prazo.


O engenheiro


Diferentemente do pesquisador, o engenheiro faz pouco uso de teorias. Ele quer construir algo que funcione agora. Seu modo de operação é mexer com ideias e tecnologia, e testar coisas até que alguma delas dê certo. Ele define inovação como “trabalhar sempre para melhorar um pouco as coisas’’. Os engenheiros geralmente se envolvem em departamentos de desenvolvimento de produtos e são vistos consertando seus próprios computadores — e adorando todo esse processo.


Engenheiros são apaixonados por tudo o que é possível, impacientes com o que não é, e cheios de ideias. Têm como foco as explorações de ordem prática, brainstormings com especialistas e muitos testes (às vezes bem caros). São os mais adequados para empresas onde a complexidade tecnológica e sua integração criam oportunidades para uma miríade de melhorias incrementais e para alguma falta de imaginação – por exemplo, indústrias de hardware de tecnologia e automotiva.


Para serem mais eficientes, os engenheiros precisam ter como avaliar a viabilidade e atratividade de suas soluções por meio de prototipagem e pesquisas com consumidores reais. Seus chefes podem, também, ter de conter a tendência de os engenheiros irem atrás de todos os novos produtos, o que pode gerar o caos caso não haja controle.


O investidor


Uma das espécies mais extraordinárias de um CINO é o investidor. O investidor vê a inovação como um meio para um fim, e esse fim é o crescimento. Não qualquer tipo de crescimento, mas um enorme crescimento. Para os investidores, a inovação bem sucedida envolve alocar recursos cuidadosamente para otimizar oportunidades específicas. Esses executivos são analíticos, financeiramente experientes, focados em números e motivados. Para encontrar um, procure alguém usando um terno e fazendo todos os cálculos de uma planilha enquanto todas as outras pessoas estão de jeans e debruçadas sobre uma apresentação em Power Point.


Os investidores desenvolvem-se muito bem em ambientes onde tudo é rápido, onde a inovação pode surgir em qualquer lugar — entre consumidores, concorrência, startups, laboratórios, — e de muitas formas: como novos mercados, melhores modelos de negócio ou novas tecnologias. Seu foco é colocar ordem em um grande volume de informações complexas e conflitantes, além de apostar no cavalo certo. Empresas de produtos de consumo, onde a coisa mais importante é a escolha do portfólio correto de inovações, geralmente precisam de um CINO desse tipo.


Para darem o seu melhor, os investidores devem fazer parcerias com um especialista técnico que pode ajudá-los a avaliar a viabilidade e o potencial futuro das ideais, e não apenas seu desempenho atual. Precisam lutar contra sua tendência de prestar atenção demais aos resultados de curto prazo e competências atuais. Os investidores podem ser demasiadamente focados em números e desprezar importantes conceitos que demandem muito tempo para serem colocados em prática.


Os defensores


Os defensores por outro lado, geralmente começam por grandes aspirações – especificamente, as dos consumidores. Podem ser identificados por suas roupas não conformistas e por sua experiênciaanteriorem marketing ou design thinking. Esse tipo de CINO define inovação como “entregar algo novo para o consumidor’’, e é totalmente focado nesse objetivo. Os defensores conhecem seus consumidores, e sua missão é investigar e atender às suas necessidades.


Os defensores prosperam em setores em rápida evolução com forte senso de moda — do que é estiloso e do que não é. Vestuário, mídia e publicidade são exemplos óbvios. Seu foco é manter a marca relevante, desenhar a identidade certa, prever o futuro e criar burburinho, assim como gerar vendas. Precisam sentir o pulso do mercado e estar sempre um passo à frente — o que demanda muita velocidade e agilidade.


Os defensores são bons em fornecer inovação a ser utilizada imediatamente, e em perceber onde os consumidores querem estar a seguir – porém sua obsessão pela novidade pode levá-los a seguir em muitas direções ao mesmo tempo. Eles são melhores quando têm como parceiro um estrategista que possa discipliná-los, e que canalize seus insights para um curso de ação de longo prazo.


O motivador


Na selva das corporações, é comum ver empresas encontrando seu próprio caminho quando se trata de inovação. É aqui que entram os motivadores: eles trabalham para liberar o espírito criativo dos funcionários (e algumas vezes, dos consumidores). Isso muitas vezes envolve fazer com que as pessoas e a cultura foquem em diferentes perspectivas e no imaginário, ao mesmo tempo em que a burocracia, complexidade e aversão ao risco são minimizadas. Motivadores podem ter diferentes históricos profissionais (e podem até fazer parte de algumas das categorias mencionadas anteriormente), mas distinguem-se por seu fascínio pela narrativa, por pessoas e pelo talento — e por seus e-mails e mensagens de voz amigáveis. Definem a inovação como “desbloquear as ideias dos outros’’


Os motivadores geralmente não fazem parte de um setor específico. Ao contrário, a tendência é que os encontremos em empresas que tentam se reinventar. Os motivadores podem habilmente chacoalhar a empresa ao criar um espaço convidativo para outras pessoas inovarem: colocando em prática incentivos, projetos organizacionais e competências certas; e protegendo os rebeldes, ao mesmo tempo em que encorajam as vozes silenciosas a contribuir.


Fazer com que mudanças culturais aconteçam é difícil, especialmente quando seu cargo não é o de CEO. Os motivadores frequentemente encaram essa tarefa sem essa atribuição e até mesmo os recursos necessários, portanto o apoio do CEO e do conselho diretor é crucial para eles.


O organizador


Os organizadores acreditam que os processos decidem. Identificáveis por seus calendários on-line codificados por cores, crença na metodologia de “fazer com que as coisas aconteçam ’’, e mesas impecavelmente limpas, focam em indicadores de desempenho, métricas e processos por etapas (stage-gate). Frequentemente, são mais dedicados em fazer as coisas do jeito certo do que a inovação em si. De fato, definem inovação como “um processo claro para a geração de novas ideias’’.


Os organizadores podem ser encontrados praticamente em todos os lugares, mas são especialmente atraídos por serviços profissionais, vida acadêmica, governos, áreas com muitos profissionais do conhecimento. Ao mesmo tempo que podem deixar os outros tipos enlouquecidos, os organizadores são extremamente valiosos em empresas onde os esforços por inovação exigem ampla participação dos funcionários, e geri-los adequadamente é o verdadeiro desafio. Ao assumir que existem novas ideias a serem postas em prática através de seus processos, os organizadores criam o ímpeto, angariam apoio e navegam pela política com habilidade para fazer com que a inovação se transforme de ideia em realidade.


Os organizadores são geralmente eficientes – mas também podem perder o foco. Precisam de parceiros que entendam o consumidor para ajudá-los a se concentrarem nos assuntos certos – e que sejam motivadores para ajudá-los a perceber quando o risco deve prevalecer.


Agora, você pode achar que sua empresa precisa de determinados aspectos de cada um dos seis tipos descritos acima – e provavelmente isso é verdade. No entanto, acreditamos que você deve priorizar; executivos com as seis competências simplesmente não existem, e a grande maioria das empresas não tem os recursos para contratar cada um dos diferentes tipos. Ao ter a clareza do tipo de inovação que sua empresa mais precisa, encontre o candidato certo, e em última instância, crie o ambiente correto — você colocará seu CINO no caminho para o sucesso.


Darko Lovric é diretor da Incandescent e da Kates Kesler. Ele constrói organizações e culturas sob medida para fundadores e inovadores que estão implementando grandes ideias. Psicólogo de formação, presta consultoria em diversos empreendimentos na área de análise de pessoas.

Greig Schneider é sócio da empresa de consultoria em liderança Egon Zehnder.

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