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A Saúde em Colapso: Menos Burocracia, Mais Gestão e Valor à Vida

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    Admin
  • 22 de abr.
  • 5 min de leitura

Atualizado: 25 de abr.




O sistema de saúde vive um momento dramático. Hospitais lotados, filas intermináveis de espera, unidades básicas sobrecarregadas e uma população desassistida revelam uma crise estrutural que afeta diretamente a vida de homens, mulheres e crianças em todos os municípios. Mais do que recursos financeiros, o que falta é um novo modelo de gestão: menos burocrático, mais eficiente e centrado em entregar valor real à população.

A inflação que incide sobre o setor da saúde supera, com folga, todos os índices oficiais de atualização monetária e reajuste salarial dos trabalhadores. Essa inflação interna gera um efeito dominó: os custos operacionais sobem, o reajuste dos planos de saúde se torna impraticável para grande parte da população, que migra para planos mais baratos ou abandona completamente a cobertura privada. O resultado é o aumento exponencial da demanda sobre o SUS — um sistema que, apesar da sua importância histórica e social, opera com tabelas de remuneração defasadas há décadas, sem os recursos necessários para garantir a qualidade da assistência.

Esse desequilíbrio financeiro é agravado pela crescente complexidade do perfil epidemiológico da população. Os impactos da COVID-19 ainda estão presentes — tanto pelas sequelas clínicas relatadas por pacientes (complicações neurológicas e cardiológicas), como pelo esgotamento das equipes de saúde e pela desorganização de fluxos assistenciais. Somam-se a isso os efeitos das recentes enchentes, que ampliaram os casos de doenças infecciosas e parasitárias, colocando novamente à prova a fragilidade sanitária da rede.

O modelo atual de atenção não suporta mais a demanda real. Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), originalmente concebidas para atendimento de urgência e emergência, têm sido utilizadas como verdadeiros hospitais de retaguarda. Isso porque os hospitais estão abarrotados, sem leitos disponíveis, sem estrutura física adequada e, muitas vezes, sem equipes completas. O paciente que busca atendimento encontra longas esperas, falta de insumos, sobrecarga das equipes e, em muitos casos, descontinuidade do cuidado.

É preciso admitir: o modelo está esgotado. A estrutura assistencial precisa ser reorganizada e os processos de trabalho redesenhados. A certificação de qualidade, por meio de programas como os níveis 1, 2 e 3 da ONA, são iniciativas valiosas, pois estimulam a qualificação da infraestrutura, dos fluxos assistenciais e da governança. No entanto, certificações por si só não bastam — é necessária uma transformação real, sistêmica, baseada em gestão profissional, capacitação das pessoas e simplificação dos processos.

Infelizmente, temos assistido à substituição gradual dos administradores hospitalares por outras categorias profissionais, como médicos e enfermeiros, sem que se observe a necessária formação gerencial para conduzir instituições de tamanha complexidade. A gestão da saúde exige domínio técnico, visão sistêmica e capacidade de liderança para integrar diferentes saberes e equipes: médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, farmacêuticos, assistentes sociais, nutricionistas, técnicos administrativos, profissionais de TI, entre outros.

A ausência de planejamento estratégico e de indicadores confiáveis compromete toda a cadeia de atendimento. Como já dizia Deming, “o que não se mede, não se gerencia”. O setor saúde não pode mais operar de forma empírica, movido por improvisos. É fundamental que as instituições — públicas ou privadas — dominem seus dados, acompanhem seus indicadores de desempenho, monitorem sua margem de contribuição, ticket médio, custo por atendimento e a qualidade percebida pelos usuários. Não se trata apenas de contabilidade que olha para o passado, mas sim de controladoria estratégica que atua no presente e projeta o futuro.

Outro fator que agrava o cenário é a excessiva burocracia e a complexidade dos processos administrativos. Protocolos engessados, compras demoradas, estruturas engessadas e entraves normativos impedem que a gestão seja ágil e eficiente. O foco precisa estar na entrega de valor à população, e não em satisfazer exclusivamente os ritos administrativos. Precisamos de mais autonomia gerencial, com responsabilidade e transparência, para tomar decisões assertivas e em tempo hábil.

O modelo tributário vigente também penaliza a sustentabilidade do setor. A alta carga de encargos sociais dificulta a contratação direta de profissionais e incentiva a terceirização, muitas vezes em condições precárias. Nesse contexto, algumas organizações sociais têm conseguido êxito ao adotar modelos de gestão enxutos, com metas claras, meritocracia, planejamento tático-operacional e compromisso com a entrega de resultados. Porém, é preciso frisar: terceirização sem qualidade é precarização. Portanto, toda parceria público-privada deve ser acompanhada de mecanismos rigorosos de controle, avaliação e transparência.

Enquanto isso, a população segue à espera. Espera por cirurgias eletivas simples, como herniorrafias, que se acumulam nas filas por anos. Espera por transplantes, por acesso a exames, por procedimentos especializados. Espera por dignidade. Há hospitais em que faltam medicamentos, materiais básicos, profissionais e até processos de esterilização seguros. Situações como essas não apenas violam direitos básicos, mas também comprometem a segurança do paciente e a credibilidade do sistema.

A judicialização da saúde, cada vez mais frequente, é outro reflexo do colapso institucional. Quando o paciente recorre à Justiça para garantir o acesso a um medicamento ou tratamento, o impacto financeiro é imediato — e recai sobre o orçamento dos municípios, que, muitas vezes, já não conseguem cumprir os 15% constitucionais destinados à saúde. Em outros casos, essa meta é ultrapassada, revelando o desequilíbrio estrutural da gestão fiscal da saúde.

Diante desse cenário, torna-se urgente repensar o futuro do setor. Precisamos de uma reforma política, tributária e administrativa que permita o fortalecimento da atenção básica, a reestruturação da média e alta complexidade, a valorização dos profissionais e o uso estratégico da tecnologia e da informação. Mais do que nunca, é essencial investir na formação continuada das equipes, no desenvolvimento de lideranças, na cultura da gestão por resultados e na transparência institucional.

O desafio é enorme, mas possível. A expectativa de vida está aumentando, impulsionada pelos avanços da medicina, da prevenção, da tecnologia e da educação em saúde. Para acompanhar essa evolução, é necessário construir um modelo de saúde que seja, ao mesmo tempo, humano, técnico, sustentável e acessível.

Precisamos garantir que todos — independentemente da sua condição social — tenham acesso a um atendimento digno, seguro, ágil e resolutivo. Para isso, é hora de menos burocracia e mais ação. Menos discurso e mais gestão. Menos improviso e mais planejamento. Mais valor à vida.

Autor: Victor Marcelo de Magalhães - 22/04/2025

Referências consultadas e autores que fundamentam o conteúdo: Este texto se baseia em dados observacionais e experiências práticas na gestão da saúde pública e privada, com apoio em conceitos clássicos da administração em saúde, como os princípios de qualidade de W. Edwards Deming (“o que não se mede, não se gerencia”), diretrizes da Organização Nacional de Acreditação (ONA) sobre qualidade e segurança hospitalar, fundamentos de planejamento estratégico segundo Peter Drucker, e análises sobre sustentabilidade do SUS presentes em estudos de Viana & Elias (2021). Também são consideradas discussões sobre carga tributária, judicialização e gestão baseada em resultados, alinhadas a autores como Clóvis Padoveze (controladoria) e Bresser-Pereira (reforma do Estado




 
 
 

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PROGRAMA DO CURSO:

1. Prevenção Geral de Acidentes  (dependências externas e internas da Escola)

  • Cuidados com o manuseio das mochilas pelas crianças,

  • Cuidados referentes à  hora do soninho das crianças,

  • Cuidados com quedas do trocador do bebê,

  • Cuidados na hora da alimentação: intolerâncias, alergias extremas e engasgos,

  • Cuidados com o uso de medicamentos na Escola,

  • Orientações sobre cuidados com os acidentes no Pátio,

  • Reforçar orientações com relação à negligência (nunca permitir crianças sozinhas em sala de aula).

2. Engasgamentos: Prevenção e Manobra de Heimlich (demonstração com uso de bonecos especícos do Engasgo),

  • Prática da realização da Manobra de Heimlich.

3. Traumatismos em Geral, com Sangramentos e sem Sangramentos (noções de fratura e remoção do acidentado),

4. Assistência às Mordidas: Prevenção, abordagem e  condutas,

5. Epistaxe: assistência ao sangramento nasal expontâneo,

6. Cuidados nos episódios de febre e convulsão,

• Uso de medidas gerais e assistência à crise convulsiva.

7. Assistência na Aspiração de Corpos Estranhos - ouvido,  nariz e olhos e boca (Intoxicações),

8. Noções Básicas de RCP (Reanimação Cardio Pulmonar).

Cito algumas Escolas como referência: Colégio Monteiro Lobato, Colégio La Salle São João, EEI Balão Azul, EEI Carrocel, EEI Cicla, EEI Hotelzinho, EEI Girafinha Travessa, EEI Recriar, EEI Bicho Carpinteiro, EEI Vovó Margarida, entre outras.

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