Inteligência Artificial e o Futuro das Decisões Humanas: Impactos, Oportunidades e Desafios
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- 25 de abr.
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Por Victor Marcelo de Magalhães
A inteligência artificial já está impactando profundamente a sociedade contemporânea. Sua presença não é apenas uma promessa futura; ela é, hoje, uma ferramenta concreta que facilita a nossa jornada, tornando os processos de tomada de decisão mais seguros, eficientes e estratégicos. A IA se apresenta como um poderoso instrumento de apoio ao trabalho humano, e não como um substituto.
No campo da medicina, por exemplo, acredito que os médicos jamais serão substituídos por robôs. Embora a IA venha revolucionando o diagnóstico, a interpretação de dados e a medicina preventiva, o ser humano continuará insubstituível na tomada de decisões que envolvem raciocínios complexos, sensibilidade emocional, empatia, e análise integrada de infinitas variáveis. O processo de escolha do melhor tratamento para um paciente não é meramente técnico: é uma arte que combina razão, emoção, experiência e sentimento, características intrínsecas ao ser humano e que, até o momento, a inteligência artificial não pode replicar.
Os hospitais, considerados organizações de extrema complexidade, ilustram bem esse cenário. Compostos por equipes multidisciplinares que incluem médicos, enfermeiros, administradores, nutricionistas, técnicos de enfermagem, profissionais de tecnologia da informação, técnicos em radiologia, segurança do trabalho e administrativos, entre outros, essas instituições exigem uma coordenação de alta precisão. Nesse contexto, a inteligência artificial deverá trazer transformações relevantes: estruturas organizacionais tendem a se tornar mais enxutas, tarefas repetitivas serão otimizadas, e os processos de checagem e conferência, fundamentais para a segurança do paciente, serão fortalecidos. Atividades que não agregam valor direto poderão ser automatizadas, liberando os profissionais para tarefas de maior complexidade intelectual e emocional.
A medicina preventiva deverá se expandir ainda mais, com dispositivos de controle implantados para monitoramento contínuo da saúde. No entanto, essa revolução trará novos desafios: medicamentos, especialmente em áreas de alta incidência de doenças, podem tornar-se mais caros, o que demandará ajustes em políticas públicas e privadas de saúde. A expectativa de vida da população continuará crescendo e já se fala na possibilidade de que as pessoas venham a viver até 150 anos. Todavia, tal avanço nos obriga a refletir: qual será o verdadeiro custo desse prolongamento da vida? Que impactos serão gerados na previdência social, nas empresas, nos sistemas de saúde e na mobilidade urbana?
Outras questões éticas surgem nesse novo cenário. Em situações críticas, como as decisões que um carro autônomo deve tomar diante de um possível acidente — proteger o passageiro ou evitar atropelar um pedestre —, percebemos o nível de complexidade que as novas tecnologias enfrentam e que reafirma a importância da intervenção humana. Em suma, o ser humano nunca será integralmente substituído. Todavia, é inevitável reconhecer que diversas profissões desaparecerão e novas funções surgirão. Laudos na área de diagnóstico por imagem, por exemplo, já estão sendo gerados com o suporte da inteligência artificial, enquanto carreiras ligadas à ética tecnológica, engenharia de dados e gestão de inovação ganham protagonismo.
Para enfrentar esse novo contexto, é essencial adotar uma postura de aprendizagem contínua. Sucesso passado não garante sucesso futuro. A adaptação constante, a busca por novas competências e a qualificação permanente serão os diferenciais de quem pretende prosperar nesse cenário de mudanças rápidas. Fazer mais com menos, com qualidade e segurança, será uma exigência, mas sem jamais abandonar o compromisso com a humanização, a felicidade e a qualidade de vida.
Minha própria experiência pessoal já reflete essa realidade. Realizei recentemente um curso voltado ao uso de ferramentas como o ChatGPT, com 10 aulas introdutórias. A experiência deixou claro que dominar a tecnologia é fundamental para extrair o máximo de seu potencial. A IA é tão boa quanto a qualidade das informações que fornecemos a ela. Se inserimos dados errados, enviesados ou mal estruturados, os resultados serão falhos. Portanto, é imprescindível revisar cuidadosamente as informações geradas e entender que, assim como nós, a inteligência artificial também está em constante processo de evolução.
Por fim, cabe a nós, seres humanos, utilizar o conhecimento, o poder, as relações e a informação com ética e responsabilidade, para transformar o potencial da inteligência artificial em negócios melhores, em instituições mais fortes e, acima de tudo, em um mundo mais justo, mais humano e mais sustentável.
Referências Bibliográficas
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Harari, Y. N. (2018). 21 Lessons for the 21st Century. Spiegel & Grau.Conselho Federal de Medicina (CFM). (2023). Pareceres e Resoluções sobre o uso de Inteligência Artificial na Medicina.
McKinsey Global Institute. (2023). The future of work after COVID-19 and AI transformations
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